Queda no estoque de sangue leva Hemopa a convocar doadores

“Minha filha deixou esta missão de ajudar os que precisam, seja com o que for, e neste momento o que falta a estes pacientes principalmente é sangue. E assim como muitas pessoas se mobilizaram e ajudaram quando a Sofia precisou, hoje eu quero fazer o mesmo por outras mães que lutam diariamente pela vida de seus filhos”. O relato é de Cínthya Polyanne, 32, mãe de Sofia, diagnosticada em 2014, aos cinco anos, com um tipo raro de câncer. 

Desde a descoberta da doença, Sofia vinha sendo acompanhada pelos profissionais do Hospital Ophir Loyola e da Fundação Hemopa, mas em agosto do ano passado ela não resistiu e acabou falecendo. Se estivesse viva, completaria sete anos nesta segunda-feira, 4, dia escolhido para a realização de uma campanha direcionada a mães, pacientes infantis e parceiros do Instituto Áster, que apoia a luta contra o câncer, com o objetivo mobilizar doadores.

A iniciativa é uma tentativa de restabelecer o estoque estratégico de sangue do hemocentro regulador em Belém, tendo em vista a queda de 40% no número de comparecimentos de doadores. Desde o início do ano a Fundação Hemopa enfrenta dificuldades para atender, em quantidade adequada, os pacientes internados na rede hospitalar estadual e que dependem do sangue e seus hemocomponentes, em especial as plaquetas, para viver.

Na doação convencional, após coletada, a bolsa de sangue é fracionada em quatro hemocomponentes - plaquetas, plasma, concentrado de hemácias e crioprecipitado -, possibilitando o atendimento de até quatro pacientes. No caso das plaquetas, a coleta específica chama-se aférese, onde o doador, conectado a uma máquina, recebe punção venosa no braço. 

Por meio de centrifugação, a máquina separa o sangue do doador e retira somente as plaquetas, devolvendo as outras células. É muito importante ressaltar que o sangue não entra em contato com máquina e, sim, com um material descartável e estéril. Todo o processo dura cerca de 90 minutos, sem prejuízo para o doador. A reposição das plaquetas pelo organismo é rápida e ocorre em torno de 48 horas. Um único doador por aférese pode atender até cinco pacientes.

Já para retirar as plaquetas de uma bolsa coletada de forma convencional é necessário até oito doadores. “Por isso, quanto mais voluntários, mais vidas serão salvas”, observa o coordenador de Hemoterapia, Carlos Victor Ramos. Entre os critérios diferenciados para coleta de plaquetas, ele destaca aqueles considerados indispensáveis: "Os candidatos devem ter mais de 60 quilos, idade entre 18 e 60 anos, apresentar a partir de 200 mil plaquetas por mm³ de sangue, serem doadores de repetição e terem feito a última doação até pelo menos seis meses."

Carlos Victor revela ainda que o tempo de vida das plaquetas são de cinco dias. “Por isso, não há condições de fazer estoque. O que entra, sai”, enfatiza, lembrando que o baixo comparecimento de candidatos à doação tem comprometido a capacidade de manter estoque estratégico.

De uma forma geral, explica o coordenador, o sangue é composto de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plasma e plaquetas. As plaquetas ajudam no controle de sangramentos o que beneficia principalmente os pacientes em tratamento de leucemias e outros tipos de câncer, os submetidos a transplante de medula óssea, as vítimas de trauma, processos infecciosos e hemorrágicos.

Nos períodos mais críticos por conta da evasão de doadores, a direção do hemocentro paraense vem coordenando várias frentes de trabalho para restabelecer o estoque estratégico, com apoio de instituições parceiras nas esferas pública e privada.

Para este final de semana, foram programadas as seguintes ações:
Dia 01/04: Campanha externa no Hospital das Clinicas Gaspar Viana, de 8h as 16h. Meta: 120 doações. Dia 02/04 - Campanha “Amigos da Vida”, da União Espírita Paraense, de 7h30 às 17h, com expectativa de 40 voluntários. Dia 02/04 – Campanha interna em parceria com a faculdade Estácio/FAP, e campanha “Doadores Futebol Clube”, coordenada pela Banda “Alma Celeste”, do Paysandu, em parceria com a Funtelpa.

Critérios da doação: Podem doar sangue pessoas com boa saúde, que tenham entre 16 e 69 anos e pesem acima de 50 quilos. Menores de 18 anos podem doar somente com autorização dos pais ou responsável legal. É necessário portar documento de identidade original e com foto. Não é necessário estar em jejum, ao contrário, recomenda-se uma boa alimentação antes da doação.

O homem pode doar a cada dois meses e a mulher, a cada três. Para fazer o cadastro de doadores de medula óssea, o candidato deve estar bem de saúde, ter entre 18 e 55 anos e portar documento de identidade original e com foto.

Serviço: A Fundação Hemopa fica na Travessa Padre Eutíquio, nº 2.109, bairro de Batista Campos, e a Estação de Coleta Hemopa-Castanheira funciona no térreo do Pórtico Metrópole (BR-316, km 1). As coletas são feitas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h, e aos sábados, das 7h30 às 17h. Mais informações pelo Alô Hemopa: 0800 280 8118.

Fonte: Agência Pará de Notícias

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