Caminhos e Descaminhos da Política: Da Crise Nascerá Uma Democracia Melhor?
A Fundação Fernando Henrique Cardoso – FFHC e a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade – RAPS, realizaram o debate “Caminhos e Descaminhos da Política: Da Crise Nascerá Uma Democracia Melhor?”.
O evento foi dividido em duas partes. No primeiro painel participaram o economista Bruno Carazza, os professores da UFSCar Simone Diniz e Pedro Floriano Ribeiro, tendo como mediador o Superintendente Executivo da FFHC, Sergio Fausto.
A primeira apresentação foi de Corazza, que evidenciou a renovação recorde da Câmara dos Deputados, com o aumento da representatividade do parlamento em relação à sociedade brasileira, marcados, entre outros indicadores, pelo crescimento de mulheres, autodeclarados pardos e pela diminuição da média de idade de seus futuros membros.
A segunda apresentação coube à professora da UFSCar Simone Diniz, que questionou as reais taxas de renovação do Congresso Nacional, diferenciando eleitos que participaram pela primeira vez da disputa do pleito de políticos que já haviam se candidatado e ocupado mandatos.
A terceira e última apresentação deste painel foi a de Pedro Floriano Ribeiro, que ressaltou a fragmentação partidária na Câmara dos Deputados. De acordo com o cientista político, o Brasil é o país com o maior número efetivo de partidos parlamentares, enquanto as forças políticas na disputa do Executivo são concentradas, gerando uma bifurcação do sistema político. A imprevisibilidade e a incerteza sobre o cenário político futuro também foram ressaltadas por Ribeiro, que citou que embates entre o Legislativo e Executivo podem estar presentes a partir de 2019.
Os desafios das eleições 2018
O segundo painel foi composto pelas lideranças RAPS Murilo Flores (PSB – SC), Adriana Vasconcellos (PSOL – SP), Giowana Cambrone (REDE – RJ) e Kelps Lima (SD – RN), com mediação da cientista política e diretora executiva da RAPS, Mônica Sodré.
A forma de atuação nas redes sociais foi ressaltada por Flores, que concorreu ao cargo de deputado federal por Santa Catarina: “As redes sociais funcionaram nessas eleições de uma forma impressionante, principalmente na última hora. (…) A atenção no meio digital nos últimos dias foi brutal, com as notícias falsas (fake news) que marcaram essa eleição de forma assustadora”, disse. Para o líder catarinense, as redes sociais foram “uma máquina poderosíssima, que permitiu que as pessoas jogassem para fora um descontentamento com os quadros do país de forma muito violenta”, completou.
A fragilidade do sistema partidário também foi assunto no debate. Para o deputado estadual reeleito Kelps Lima, “o sistema tradicional quebrou”, e o enfraquecimento dos partidos foi uma das consequências desse processo. Para ele, é preciso um novo eixo eleitoral, e considera que o centro do espectro político possui um grande potencial, mas que foi desperdiçado nessas eleições.
Para Giowana Cambrone, candidata a deputada federal, há três principais desafios para as eleições futuras: a reestruturação do sistema político, a mudança na lógica partidária e o rompimento da lógica da motivação dos votos. Ela também debateu sobre a entrada de pessoas transexuais na política, e a necessidade de ampliar a participação dos diversos grupos sociais nas casas legislativas.
A experiência de campanhas foi abordada por Adriana Vasconcellos, candidata a deputada federal por São Paulo. Citando sua experiência em 2016 e 2018, ela ressaltou a importância da atuação política e cidadã diária: “Nós todos fazemos política”, disse. Além disso, reforçou a necessidade de se encontrar pontos de convergência para ampliar o debate político e reduzir a polarização.
Os painéis foram gravados pela TVFAP.net e estão disponíveis, assim:
Primeiro painel: https://www.youtube.com/watch?v=Wxo4rw3ILJY
Segundo painel https://www.youtube.com/watch?v=cSW0-r7uXaY
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