A guerra entre o Estado e o narcotráfico pelo controle da Grande Belém

Trago para a ribalta a matéria da jornalista Ana Célia, publicada em seu blog, que trata da questão da escalada da violência na região metropolitana de  Belém. 

Apesar do texto tratar da RMB, a realidade é que essa escalada atinge todo Estado e o governo  está sem uma tática efetiva para combater a situação destacada pela jornalista. 

Aliás, a situação  é muito preocupante. O governo estadual precisa olhar com muito cuidado para evitar que nos tornemos um novo Rio de Janeiro. 

O governador não pode descartar nenhuma hipótese, inclusive a de ampliar a parceria Governo Federal na busca de uma solução efetive que evite que a população do Pará torne-se refém e que o aparato publico de segurança possa ter a sua disposição os instrumentos necessários a este enfrentamento da violência. 

A nossa polícia sofre com a falta de equipamento. O resultado é o que vemos agora. 



Texto do blog da Jornalista----------------------------------------------------------

É claríssimo que estamos no meio de uma guerra entre o Estado e o narcotráfico pelo controle da Região Metropolitana de Belém (RMB).

Só nesse contexto é que é possível entender as mortes de policiais em ações típicas de emboscadas; o ataque à bala, por um bando, a um trailer da PM.

Segundo uma fonte policial, o Comando Vermelho (CV) está mapeando as áreas da RMB de maior interesse às suas transações criminosas (em geral, na periferia), para expulsar os policiais que ali residem – seja através de ameaças, seja simplesmente matando-os.

Há áudios de criminosos falando sobre as tocaias que realizam em frente às casas de policiais. E haveria até uma recompensa pelo assassinato de agentes da Lei, que iria de R$ 2 mil a R$ 5 mil.

Mais do que assustar a população, o que se pretende é botar a polícia para correr, a fim de dominar essas áreas de vez.

“Esse é um momento crucial” – diz-me a fonte – “Se os traficantes vencerem, Belém vai se tornar o Rio de Janeiro. Nunca mais você vai poder entrar nessas áreas livremente: vai ter que pedir permissão aos traficantes, sob pena de levar um tiro”.

E acrescenta: “Ou o governador toma uma atitude agora, ou a população da RMB vai sofrer eternamente”.

A suspeita, aliás, é que as recentes matanças, em Belém, sejam um reflexo da intervenção federal no Rio.

É que muitos traficantes foram expulsos de lá. Com isso, o Comando Vermelho teria acelerado a fixação das raízes que já vinha espalhando na nossa periferia.

E isso não apenas pela posição estratégica da nossa cidade, para o narcotráfico, mas também porque encontrou aqui um terreno fértil: a extrema pobreza e a ausência do Estado em amplas áreas da RMB, aliadas à inexistência de uma política de Segurança Pública.

Além do avanço do narcotráfico, há as milícias, os grupos formados por policiais para a matança de suspeitos de crimes, cuja ação se intensifica após a morte de algum agente da Lei. É o olho por olho, dente por dente. Ou seja, a barbárie.

É no meio desse fogo cruzado que estão os belemenses, especialmente os mais pobres, reféns da violência, do medo e do silêncio.

Nos últimos 23 anos, quase sempre sob o comando do PSDB, o Pará assistiu ao empobrecimento da sua população, em relação ao resto do Brasil, e ao crescimento da criminalidade.

O terror que toma conta da RMB é resultado da falta de políticas públicas, nessas quase duas décadas, para garantir um mínimo de qualidade de vida à maioria dos paraenses; um mínimo de esperança, aos nossos jovens, em um futuro melhor; um mínimo de Segurança à população em geral.

E o governador Simão Jatene é, sim, um dos maiores responsáveis por essa carnificina.

Ex-homem forte do Planejamento nos governos de Almir Gabriel e três vezes governador, Jatene teve poder, como nenhum outro cidadão deste estado, ao longo de 19 dos últimos 23 anos, para melhorar as condições de vida do povo paraense e evitar essa explosão de violência.

No entanto, tudo o que fez foi torrar milhões e milhões em propaganda, para esconder a sua desonestidade, incompetência e inoperância.

Tudo o que fez foi largar o Pará e a nossa polícia a Deus dará, para dedicar-se a cantorias, como uma espécie de Nero tupiniquim.

Cada dia de permanência dele no cargo significará mais e mais corpos espalhados por toda a Região Metropolitana: ele não moverá nem uma palha para estancar esse banho de sangue; para evitar que o narcotráfico se apodere de vez de Belém; para reprimir as milícias que também tocam o terror.


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