Dirceu descarta envolvimento de Lula no mensalão, mas desabafa: “Todos no mesmo saco”
No entanto, segundo revelações de
bastidor do jornal O Estado de S. Paulo, ex-ministro da Casa Civil
demonstra mágoa com o petista e sua sucessora, que não o teriam
defendido durante o mensalão: “Estamos no mesmo saco”
Condenado a sete anos e 11 meses de prisão por ter chefiado, segundo a
sentença do Supremo Tribunal Federal (STF), a “sofisticada organização
criminosa” do mensalão,
o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu está magoado e sem dinheiro.
Segundo informações de bastidor publicadas na edição deste domingo (7)
do jornal O Estado de S. Paulo, Dirceu desabafou a amigos, na
semana passada, a respeito do que considera falta de solidariedade do
ex-presidente Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff, em relação à Ação
Penal 470, que consumiu seis meses e 64 sessões do STF e pôs fim à sua
trajetória política. “Apesar da mágoa”, diz a reportagem, Dirceu
descarta a participação de Lula no esquema, que consistia na compra de
apoio de partidos no Congresso.
Segundo Dirceu, a “covardia” de Lula e Dilma durante o processo do mensalão se repete agora, nas investigações da Operação Lava Jato,
deflagrada pela Polícia Federal em março do ano passado. Dono de
empresa em processo de encerramento de atividades (J.D. Assessoria e
Consultoria), Dirceu foi citado em delação premiada e, segundo um dos
inquéritos, tinha em seu rol de clientes diversas empresas envolvidas no
esquema de corrupção na Petrobras. Em edição de março, a revista Veja
diz ter tido acesso a documento da Receita Federal revelando que Dirceu
faturou R$ 29,2 milhões em consultorias entre 2006, após deixar o
governo Lula, e 2013, quando teve início o cumprimento de sua pena no
mensalão.
“De que serve toda covardia que o Lula e a Dilma fizeram na ação
penal 470 e estão repetindo na Lava Jato? Agora estamos todos no mesmo
saco, eu, o Lula, a Dilma”, resignou-se Dirceu, para quem a sucessão de
escândalos envolvendo o PT fará com que o partido tenha menos de 10% dos
votos em 2016, nas próximas eleições municipais. O partido teve 13% das
votações no pleito anterior, em 2012. Para Dirceu, além de não
defende-lo, Lula sequer fez a própria defesa em relação ao caso.
No relato do Estadão, Dirceu diz que ele, Lula, Dilma e os
demais próceres petistas carregam a “pecha de corruptos”, mas que o
partido “nem de longe está morto”. “O ex-ministro cita como exemplo o
PSOE espanhol, que deixou o governo em 1996 sob denúncias de corrupção e
colaboração com o terrorismo, chegou a ser descartado como opção de
poder, mas voltou com força em 2003” diz trecho da reportagem.
Nesse sentido, segundo Dirceu, Lula pode até não estar atualmente
concentrado em uma provável candidatura nas próximas eleições
presidenciais, uma vez que estaria mais preocupado com a situação da
base aliada no Congresso, com o protagonismo do PMDB. Mas fez uma
ressalva: “Se chegar em maio de 2018 e o Lula disser que é candidato,
ninguém vai se opor”, vislumbrou o petista. Ainda segundo o jornal,
Dirceu hoje vive com R$ 4 mil mensais como contratado de escritório de
advocacia, em Brasília, e mais cerca de R$ 12 mil de remuneração na J.D.
Assessoria e Consultoria.
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