Governo Dilma caminha para autodestruição, diz ex-assessor de Lula
Companheiros inseparáveis desde 2003, o ex-presidente Lula e a
presidente Dilma estão cada vez mais distantes. Quem afirma isso conhece
como poucos o ex-presidente petista. É o jornalista Ricardo Kotscho,
que foi secretário de Imprensa de Lula na Presidência da República e é
amigo pessoal de Lula há mais de três décadas. Em artigo publicado nesta
quinta-feira (5) em seu blog, “No balaio do Kotscho”,
o experiente jornalista avalia que o segundo governo Dilma, que mal
começou, “está se acabando sozinho num inimaginável processo de
autodestruição”.
“Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder
muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da
presidente da República, que continua recolhida e calada em seus
palácios, sem mostrar qualquer reação”, critica Ricardo Kotscho, um dos
jornalistas mais premiados do país, com passagem por alguma das
principais redações da imprensa brasileira.
O colunista vê Dilma “isolada, atônita, encurralada, sem rumo e sem
base parlamentar sólida nem apoio social”, lembra que sua liderança é
contestada até dentro de seu partido. “Como estará se sentindo neste
momento a cidadã Dilma Rousseff, que faz apenas três meses foi reeleita
presidente por mais quatro anos?”
O jornalista critica Dilma por ter postergado diversas vezes a
definição de uma solução para a crise na Petrobras desde que a Operação
Lava Jato estourou há quase um ano. Para ele, a nona fase da operação,
deflagrada nesta quinta-feira, complica a situação da presidente.
Enquanto resistia a trocar o comando da companhia, observa Ricardo
Koscho, Dilma dedicava seu tempo à campanha de reeleição e à montagem do
novo ministério. “Agora, tem apenas 24 horas para encontrar uma saída,
antes da reunião do Conselho de Administração, que precisa nomear a nova
diretoria amanhã para não deixar a empresa acéfala”, afirma,
referindo-se à eleição da nova diretoria da estatal, prevista para esta
sexta-feira.
Eleitor declarado de Dilma e Lula, Kotscho cobra mudança radical de
comportamento da presidente. “É preciso que Dilma caia nesta realidade e
mude radicalmente sua forma de governar, buscando e não arrostando
apoios, ouvindo pessoas fora do seu núcleo palaciano, como prometeu no
discurso da vitória, antes que seja tarde demais”, advertiu.
Kotscho lembra ainda que está marcada para esta sexta-feira, em Belo
Horizonte, a abertura das comemorações dos 35 anos da fundação do
Partido dos Trabalhadores. Na festividade, Lula e Dilma devem ter um
encontro reservado. “Cada vez mais distantes nos últimos meses, o que um
terá para falar ao outro? Pode ser que a conversa comece com esta
pergunta, que todos os petistas estão se fazendo: ‘Pois é, chegamos até
aqui. E agora, camarada?’”
Fonte: Congresso em Foco
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