Campus flutuante leva conhecimento pelos rios do Pará
Navegando pelos diversos
afluentes do Estado, a Universidade chega aos mais longínquos lugares do Pará
por meio do Campus Flutuante (CF), um projeto da Universidade Federal do Pará -
UFPA que há 18 anos leva serviços de utilidade pública a municípios distantes
da capital com alto grau de carência social e ainda contribui para a
valorização e preservação das tradições do nosso povo.
O projeto é multidisciplinar e consiste
na troca de saberes e conhecimentos entre os acadêmicos e as populações
ribeirinhas, quilombolas, indígenas e entre tantos outros grupos tradicionais.
“Lavamos a nossa experiência a essas comunidades. O foco é sempre a educação,
além da prevenção e informações sobre os mais diversos saberes”, explica a
coordenadora geral do CF, professora Socorro Simões.
O CF atende populações
ribeirinhas, comunidades urbanas e indivíduos de baixa e média instrução. “Na
última edição do projeto, ocorrida há dois anos, foram atendidos 12 mil pessoas.
É difícil mensurar quantos já foram atendidos e os benefícios que o projeto já
trouxe para a população dessas áreas”, afirma a professora.
A programação recebe o apoio do
Corpo de Bombeiros Militar do Pará, Cruz Vermelha, Casa dos Diabéticos,
Ministério Público, e demais parceiros, que ajudam na promoção de ações
comunitárias, a exemplo da área de saúde, apresentação de palestras, oficinas e
minicursos. “Neste ano temos algumas propostas novas, como uma oficina de
fotografia. Também estaremos emitindo documentos e organizaremos palestras
sobre escalpelamento, que, por sinal, é um trauma que afeta muitas pessoas
dessas regiões, em especial mulheres e crianças”, afirma Simões.
Um dos critérios utilizados para
a escolha do município-sede do Campus Flutuante é o IDH – Índice de
Desenvolvimento Humano. A região do Marajó, ao longo desses 18 anos, foi a mais
visitada. Com aproximadamente 49.606 km², a maior ilha fluviomarítima do mundo recebeu cinco edições do
projeto.
A Ilha do Marajó é dividida em
dezesseis municípios dos quais alguns apresentam índices baixíssimos de
desenvolvimento humano. É na Ilha que está localizado o município de Melgaço,
que possui o pior IDH do país, correspondente a 0,418, comparável com o índice
do Malaui, país do
sudeste da África, um dos
20 países com IDH mais baixos do mundo segundo o PNUD - Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento.
No índice, destaca-se a educação
do município, que alcança baixíssimos 0,207, indicando que a cidade possui a
pior média de anos de estudo do Brasil e ainda a pior expectativa de anos de
estudo.
Inserido nesta causa, o deputado
Eduardo Costa participa ativamente para o desenvolvimento dessas regiões. “Em
um dos nossos eventos, conheci o Eduardo. A partir de então, ele se tornou um
grande suporte e um apoio muito interessante para o sucesso do Campus Flutuante”,
comenta a coordenadora.
Preservação das tradições amazônidas
O Campus Flutuante é também uma
forma de consolidação da identidade cultural do povo amazônico. O projeto é um
desdobramento do IFNOPAP - Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da
Amazônia Paraense, que recolhe histórias sobre mitos e lendas amazônicas por
meio das expedições realizadas nos rios do interior do Estado.
“Já foram coletados mais de 5.300
mitos e lendas que, posteriormente, se transformaram em inúmeros trabalhos
acadêmicos, filmes, documentários entre outros produtos que reforçam a
identidade da Amazônia”, comenta Socorro Simões.
Em 2014, a décima oitava edição
do IFNOPAP / VIII Campus Flutuante da UFPA, ocorrerá durante nove dias do mês
de Agosto (de 5 a 13). Os municípios de Santarém e Oriximiná serão os
visitados.
As inscrições para participar do
encontro já estão abertas. Os interessados podem acessar o site do IFNOPAP ou
ligar para a secretaria do evento para adquirir as informações necessárias.
“Esse projeto é muito importante
para preservar a nossa identidade. O homem se mantem pela cultura, pelo o que
ele cultiva. A identidade da Amazônia consiste justamente nessas manifestações
culturais que são riquíssimas. Encontramos traços da nossa colonização, das
nossas raízes indígenas, da cultura africana, enfim. Precisamos preservá-los”,
ressalta Socorro.
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